Morreu nesta quinta-feira (16), aos 89 anos, o narrador Silvio Luiz. O locutor estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, desde a última quarta (8).
Vale lembrar que Silvio já havia sido internado em abril e recebeu alta somente 23 dias depois. Na ocasião, passou mal durante a transmissão da final do Campeonato Paulista e precisou se ausentar antes mesmo do fim da partida.
Família
Sylvio Luiz Perez Machado de Sousa, ou simplesmente Silvio Luiz, como é conhecido, nasceu no dia 14 de julho de 1934, em São Paulo. Ele é filho de Ademir Machado e de Elizabeth Darcy, célebre atriz e locutora brasileira.
Desde 1969, Silvio é casado com a cantora Márcia. O casal teve três filhos: Alexandre, Andréa e André.
Artista
Ainda na juventude, Silvio frequentava os estúdios da Rádio São Paulo, onde a mãe trabalhava. Com o tempo, conseguiu uma oportunidade para participar de um rádio teatro.
A vida de artista não parou por aí. Em 1958, por exemplo, quando tinha apenas 24 anos, interpretou Julinho na primeira versão da novela “Éramos Seis”.
“Naquela época, todo mundo fazia um pouquinho de tudo. Aí eu fui convidado e fui lá fazer. Só lembrar que não era gravado, era tudo ao vivo. Como não tinha videotape, a gente tinha que ralar mesmo. Era ali que a gente mostrava o que era. Hoje em dia está fácil, porque grava, saiu errado, para e volta. Naquela época não tinha essa facilidade”, contou Silvio, em entrevista ao site F5.
Árbitro
No ano de 1965, Silvio se formou como árbitro. Inicialmente, trabalhou jogos de menor expressão, porém, mais tarde, começou a ser escalado para partidas de mais peso. Nos anos 70, ele trabalhou em partidas do Brasileirão.
“Qual árbitro não é xingado? Mas aprendi uma coisa com Armando Marques, meu professor. Quando você apitar, entre em campo com o time da casa. Você não é vaiado”, contou Silvio, numa entrevista ao Uol.
Repórter
Silvio deu os primeiros passos no jornalismo esportivo quando chegou à TV Paulista, em 1952. Por lá, ele fez as primeiras coberturas como repórter de campo. No ano seguinte, foi para a TV Record.
Em 1956, Silvio foi repórter da primeira transmissão interestadual da televisão brasileira. A parceria, histórica para a época, foi feita entre a TV Record e a TV Rio. Posteriormente, deixou a TV Record e foi contratado pela Rádio Bandeiras em 1960. Silvio também trabalhou em diversas funções na TV Excelsior.
O último trabalho como repórter foi em 1974. Na ocasião, cobriu a Copa do Mundo para um pool formado por Record, Bandeirantes e Gazeta.
Narrador
No ano de 1976, a morte de Geraldo José de Almeida fez a Record perder o seu principal narrador. Em 1977, Silvio passou a trabalhar na função que faz sucesso até hoje.
Ele foi escalado para um revezamento nas narrações e comentários com Hélio Ansaldo.
O companheiro, porém, não se sentia à vontade para narrar e deixou a função com Silvio.
Em 1987, foi para a Bandeirantes. Na época, a empresa começou a investir forte em esporte com o apoio de Luciano do Valle.
Mais tarde, em 1996, transferiu-se para o SBT, onde permaneceu até 98. No ano
seguinte, retornou à Band. Ele deixou a Band em 2008 e o BandSports, canal por assinatura que ajudou a criar, em 2010. Posteriormente, teve uma longa passagem pela rádio Transamérica.
Desde 2009, Silvio Luiz faz parte do time da RedeTV. Em 2022, a emissora o liberou para narrar o Campeonato Paulista nas mídias digitais da Record, o que fazia até hoje.
Narração irreverente
Silvio Luiz é conhecido pela imponente voz e o estilo único de narrar jogos. Bordões como “Olho no lance”, “Pelas Barbas do profeta”, “Pelo amor dos meus filhinhos”, “Quê que eu vou dizer lá em casa” e “Foi, foi, foi, foi dele” marcaram gerações.
A narração de Silvio Luiz também foi eternizada no PES (Pro Evolution Soccer) por seis anos. Os bordões, claro, estão presentes no jogo de videogame.
O Dia